quarta-feira, 18 de abril de 2012

Agora tá tudo explicado....


Fui ontem ao show do Bob Dylan no Ginásio Nilson Nelson aqui em Brasília. Ir a shows é meu grande hobbie atualmente. Me desbanco para o Rio, Sampa, etc, gasto meu pobre rico dinheirinho nisso, mas saio feliz, muito feliz!!!! 


Mas continuando, fui ontem ao show do grande e imortal Bob. Sabia que ele não estava em sua melhor forma aos 70 anos (diferentemente do Roger Waters que esbanjou disposição na semana retrasada. Ai, ai, e que show.....), mas tenho que admitir que levei um susto ao vê-lo e ouvi-lo pessoalmente. Não me entendam mal. Não me arrependo em nenhum momento de ter ido ao show, mas tenho que dizer que sai meio frustradinha por não ter ouvido as grandes baladinhas que tanto sonhei em ver ao vivo..... (o set dele tinha apenas Like a Rolling Stone...). Mais do que frustradinha, estranhei não entender praticamente uma palavra do que ele cantava. Estava mais para um aramaico do que qualquer outra coisa..... Mas amei o swing das novas músicas (pelo menos novas para mim...), da banda, do fato de poder contar aos meus netos que estive presente no show dele. Em suma, de respirar o mesmo ar dele.... rsrsrsrs.

Mas estou agora no Face e vejo um post de um amigo que compartilha uma matéria do Dylan no Brasil que esclarece tudo!!! Segue ai embaixo:
  
Tudo bem sr. Dylan, te amo muito, mas só agora o entendo e compreendo, OK? Só queria o ter lido isso ontem antes do show.......

Dylan no Brasil: por que ir ao show? http://dylanesco.com/dylan-no-brasil-por-que-ir-ao-show/

Depois de 4 anos, Bob Dylan volta ao país para tocar em seis shows em cinco capitais brasileiras. Com a novidade, e proporcionalmente à euforia dos fãs, crescem as críticas dos que não entendem o porquê de ir a um show de um cara que, para muitos, já está morto faz tempo (tanto na arte quanto na vida).

Primeiramente, é necessário saber que, ao contrário de muitos artistas dos anos 60, Bob Dylan ainda continua contemporâneo. Em suas apresentações, não há espaços para nostalgias. Suas perfomances não miram o passado de sua carreira, mas sim o presente de suas letras e de sua música. Há, sim, pitadas de referências a estilos antigos, como country e bluegrass, mas isso não quer dizer que ele esteja revisitando sua obra. Pelo contrário.

Assistir Bob Dylan ao vivo é presenciar a formação da música naquele instante. No palco, a obra dylanesca não existe: ela acontece. Em alguns casos, percebe-se que o cantor está tateando um caminho, buscando as frestas que trazem novas texturas. Nem sempre dá certo, é verdade (o que, para muitos fãs, não é algo estritamente negativo). Mas quando a mágica acontece, o instante é indivisível e infinito.

Essa tendência ao improviso é uma característica que acompanha Bob ao longo de toda sua carreira, e seria idiota frustrar-se com os arranjos atuais. Não espere os mesmos ritmos, as mesmas melodias e nem mesmo as mesmas letras. Vá para absorver e não para associar. Um show de Dylan deve ser contemplado aos poucos, como aquele filme de roteiro complexo, mas que te dá um prazer reflexivo que dura muito mais do que os minutos da película.

O cantor verborrágico é de poucas palavras ao público. Ultimamente, seu diálogo se resume a apresentar a banda. Nem ao fim do espetáculo ele discursa. Há apenas um “nanogesto” de agradecimento. Bob Dylan não segue o mesmo protocolo de músicos internacionais, que se obrigam a falar as palavras-chaves do turismo brasileiro. Ele não oferece um espetáculo circense ou uma apresentação de stand-up. Ele é um músico/poeta e seu propósito com as palavras aflora apenas em sons.
As palavras saem de uma ex-voz. Bob Dylan incluiu a rouquidão na sua já anasalada voz. Sua maneira de cantar, influência dos poetas, também não auxilia na fluência da melodia. Contudo, mais importante do que ser “música para os ouvidos”, a interpretação dylanesca expõe a intenção do artista. Músicas são expressões humanas, mas que nem sempre se mostram iguais. Ao contarmos uma mesma história, podemos adotar um tom empolgado, triste, confessional ou mesmo irônico. E é assim que a voz de Dylan funciona. Cada dia uma interpretação. Cada dia uma intenção.

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