Fui ontem ao show do Bob Dylan no Ginásio Nilson
Nelson aqui em Brasília. Ir a shows é meu grande hobbie atualmente. Me desbanco
para o Rio, Sampa, etc, gasto meu pobre rico dinheirinho nisso, mas saio
feliz, muito feliz!!!!
Mas continuando, fui ontem ao show do grande e
imortal Bob. Sabia que ele não estava em sua melhor forma aos 70 anos
(diferentemente do Roger Waters que esbanjou disposição na semana retrasada.
Ai, ai, e que show.....), mas tenho que admitir que levei um susto ao vê-lo e
ouvi-lo pessoalmente. Não me entendam mal. Não me arrependo em nenhum momento
de ter ido ao show, mas tenho que dizer que sai meio frustradinha por não ter
ouvido as grandes baladinhas que tanto sonhei em ver ao vivo..... (o set dele
tinha apenas Like a Rolling Stone...).
Mais do que frustradinha, estranhei não entender praticamente uma palavra do
que ele cantava. Estava mais para um aramaico do que qualquer outra coisa.....
Mas amei o swing das novas músicas (pelo menos novas para mim...), da banda, do
fato de poder contar aos meus netos que estive presente no show dele. Em suma,
de respirar o mesmo ar dele.... rsrsrsrs.
Mas estou agora no Face e vejo um post de um
amigo que compartilha uma matéria do Dylan no Brasil que esclarece tudo!!!
Segue ai embaixo:
Tudo bem sr. Dylan, te amo muito, mas só agora
o entendo e compreendo, OK? Só queria o ter lido isso ontem antes do
show.......
Dylan no Brasil: por que ir ao show? http://dylanesco.com/dylan-no-brasil-por-que-ir-ao-show/
Depois de 4 anos, Bob Dylan
volta ao país para tocar em seis shows em cinco capitais brasileiras. Com a novidade, e
proporcionalmente à euforia dos fãs, crescem as críticas dos que não entendem o
porquê de ir a um show de um cara que, para muitos, já está
morto faz tempo (tanto na arte quanto na vida).
Primeiramente, é necessário saber que, ao
contrário de muitos artistas dos anos 60, Bob Dylan ainda continua
contemporâneo. Em suas apresentações, não há espaços para nostalgias. Suas
perfomances não miram o passado de sua carreira, mas sim o presente de suas
letras e de sua música. Há, sim, pitadas de referências a estilos antigos, como
country e bluegrass, mas isso não quer dizer que ele esteja
revisitando sua obra. Pelo contrário.
Assistir Bob Dylan ao vivo é presenciar a
formação da música naquele instante. No palco, a obra
dylanesca não existe: ela acontece. Em alguns casos,
percebe-se que o cantor está tateando um caminho, buscando as frestas que
trazem novas texturas. Nem sempre dá certo, é verdade (o que, para muitos fãs,
não é algo estritamente negativo). Mas quando a mágica acontece, o instante é indivisível
e infinito.
Essa tendência ao improviso é uma característica
que acompanha Bob ao longo de toda sua carreira, e seria idiota frustrar-se com
os arranjos atuais. Não espere os mesmos ritmos, as
mesmas melodias e nem mesmo as mesmas letras. Vá para absorver e não para
associar. Um show de Dylan deve ser contemplado aos poucos, como aquele filme
de roteiro complexo, mas que te dá um prazer reflexivo que dura muito mais do
que os minutos da película.
O cantor verborrágico é de poucas palavras ao
público. Ultimamente, seu diálogo se resume a apresentar a banda. Nem ao fim do
espetáculo ele discursa. Há apenas um “nanogesto” de agradecimento. Bob Dylan
não segue o mesmo protocolo de músicos internacionais, que se obrigam a falar
as palavras-chaves do turismo brasileiro. Ele não oferece um espetáculo
circense ou uma apresentação de stand-up. Ele é um músico/poeta e seu propósito
com as palavras aflora apenas em sons.
As palavras saem de uma ex-voz. Bob Dylan incluiu
a rouquidão na sua já anasalada voz. Sua maneira de cantar, influência
dos poetas, também não auxilia na fluência da melodia. Contudo, mais
importante do que ser “música para os ouvidos”, a interpretação dylanesca expõe
a intenção do artista. Músicas são expressões humanas, mas que nem sempre se
mostram iguais. Ao contarmos uma mesma história, podemos adotar um tom
empolgado, triste, confessional ou mesmo irônico. E é assim que a voz de Dylan
funciona. Cada dia uma interpretação. Cada dia uma intenção.
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